terça-feira, 11 de novembro de 2008

Gov't Mule

O que era para ser uma banda somente para preencher o vazio da agenda de um grupo de excelentes músicos profissionais tornou-se uma dos maiores grupos de Southern Rock dos EUA.
Em 1994 Warren Haynes, então guitarrista da Allman Brothers Band e Allen Woody, baixista da mesma banda uniram-se a Matt Abts baterista conceituado por ter tocado com Dickey Betts, Chuck Leavell, Mick Taylor, entre outros e juntos formaram o Gov`t Mule.

Como dito anteriormente a banda era apenas um projeto paralelo para que seus integrantes pudessem extravasar e fazer o que mais gostavam, improvisos. Rock, Fusion, Funk, Blues, é possível identificar todas essas influências no som dos caras sem que nenhum ritmo roube o espaço do outro. Tudo caminha na mais pacífica organização, graças principalmente ao “feeling” dos integrantes.
Naturalmente tinha que sair um registro em estúdio da banda que tinha os shows cada vez mais concorridos. O primeiro disco, homônimo, saiu em 1995 e mostrava a banda quase exatamente como nas apresentações, seca, direta, com letras inspiradas e covers irreconhecíveis (vide “Mother Earth”). Depois disso a banda lança o primeiro registro ao vivo (muito justo visto a fama dos caras no palco). “Live at the Roseland Ballroom “é lançado em 1996 e tem seis faixas (na versão de 2007 tem 7 – com o cover de “Voodoo Chile”-). Destaque para a fantástica “Kind of Bird”.

Em 1998 lançam o que para mim é o melhor álbum da banda. “Dose” começa com “Blind Man In the Dark” e um riff de guitarra que é ao mesmo tempo simples, pesado, melódico e magistral.... O baixo de Allen bate como um martelo as passagens deixadas pela guitarra e a bateria de Abts completa o ataque sonoro que vem como uma chuva de balas nos nossos ouvidos. A partir de “Thorazine Shuffle” as improvisações começam e a influência do Fusion se mostra muito aparente no som da banda. E após a homenagem a Thelonius Monk e Jeff Beck na deliciosa “Thelonius Beck”, o desfile de riffs de guitarra e baixo em “Game Face”, é hora de se deliciar com a guitarra de Warren chorando (difícil não chorar junto) em “Towering Fool”. Nessa música percebe-se a habilidade de Haynes tanto na hora de compor como na hora de interpretar suas canções. Warren Haynes, um músico completo. Outros destaques do disco são o cover dos Beatles “She Said, She Said” e a pesada” Larger Than Life”.

1999 é o ano de mais um lançamento ao vivo. “Live... Whit A little Help From Our Friends” tem a participação de Marc Ford, Chuch Leavell, Bernie Worell, Derek Trucks, entre outros e fazem uma apresentação que dura mais de 4 horas!!!. Inicialmente lançam um CD duplo dessa apresentação mas logo em seguida soltam um Box com o show na íntegra (4cds).

O ano 2000 tem um gosto amargo na lembrança do Gov`t Mule. Nesse ano lançam o terceiro disco de estúdio, "Life Before Insanity" e tragicamente encontram o baixista Allen Woody morto em um quarto de hotel em Nova Iorque. As causas da morte não são divulgadas e a banda, que já tinha muito material pronto para o quarto disco, chama diversos baixistas e lança em 2001 "The Deep End - Volume 1" praticamente um tributo ao amigo falecido. Nesse disco é possível encontrar nomes de peso das quatro cordas como Jack Bruce, Flea, Mike Watt, Roger Glover, John Entwistle e Bootsy Collins. Em 2002 vem a sequência “The Deep End – Volume 2” mais uma vez com convidados mais do que especiais como Jason Newsted, Les Claypool, Meshell Ndgeocello. Nesse disco está uma das canções mais lindas que eu já escutei, interpretada de forma esplendorosa pela banda, “Hammer And Nails”.

O diretor Mike Gordon, em 2003, registrou esse encontro de mestres no DVD “Rising Low”. No mesmo ano é lançada a versão ao vivo dos dois discos, o CD/DVD “The Deepest End” é o registro de mais de cinco horas de show aonde se revezaram no baixo diversos dos artistas listados nos dois discos.

A partir de 2004 a vaga de baixista fica fixa com a chegada de Andy Hess e a banda começa a contar com um tecladista, Danny Louis. No mesmo ano a banda lança “Dejà Voodoo”, com destaque para a sequência dançante de “Slackjack Jezebel” e “Lola Leave Your Light On”.

Em 2006 é lançado o que para mim é o álbum mais comercial da banda. High & Mighty tem da primeira a última música qualidades para ser tocado em qualquer rádio de qualquer país do globo. Talvez por isso tenha sido criticado por fãs de longa data que disseram esse ser um disco preguiçoso. Para mim não, é um disco excelente e sinceramente chamar uma banda que já tem mais de 1300 shows na carreira de preguiçosa é uma puta falta de consideração. Como amostra da força desse disco cito a porrada “Brand New Angel” e a linda “Nothing Again”.


Na sequência de “High & Mighty” a banda lança a versão dub do disco. Isso mesmo, dub!!. Essa até eu fiquei desconfiado, e a banda ganhou mais respeito ainda da minha parte após a audição do disco. “Mighty High” é fantástico!!. A guitarra de Warren permeando as músicas com o baixo no último volume desconstruindo faixas para construir outras novas e cativantes. É impossível ficar parado ao ouvir esse disco. Ótimo resultado confirmando o talento musical de todos da banda.

A atual formação do Gov`t Mule conta com Warren Haynes na guitarra e vocal, Matt Abts na bateria mais o tecladista Danny Louis. A novidade fica por conta do novo baixista Jorgen Carlsson, substituto de Andy Hess que saiu da banda a procura de novas oportunidades.

Esse ano de 2008 terminará com a banda fazendo uma série de shows na cidade de Nova Iorque. Nos dias 27 e 28 de Dezembro tocarão um set acústico no Angel Orensanz Center e nos dias 30 e 31 tocarão, agora eletrificados, no Hammerstein Ballroom.
2008 também marcou o lançamento de outro DVD da banda intitulado “A Tale of Two Cities” ainda com Andy Hess no baixo.

Pois é, o que era para ser uma descontração entre amigos se tornou numa banda com 11 discos (entre ao vivo e estúdio), três DVDs e muita contribuição para o rock, blues, enfim, para a música mundial.
Detalhe. Em 1996 o gov`t Mule esteve no Brasil para shows no Rio de Janeiro, São Paulo e porto Alegre. Nessa ocasião a banda viajou para participar do saudoso Nescafé Blues Festival.

Um comentário:

  1. Concordo plenamente e foi umas das melhores materias da banda que ja li

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